Eventos Feministas


03 novembro 2011

Quem Se Amarra Na Mulher-Maravilha?

 

Confira os discursos ideológicos de gênero  e  político da Super Heroína dos quadrinhos.
 
MULHER-MARAVILHA  X  IDEOLOGIA FEMINISTA
 Considerada pelo Movimento Feminista dos anos setenta do século passado um símbolo da luta pela igualdade entre homens e mulheres, a personagem de história em quadrinhos Mulher-Maravilha surgiu em 1941 como um contraponto para os super-heróis masculinos Superman e Batman.


William Moulton Marston
Criada pelo psicólogo norte-americano William Moulton Marston, a heroína se apresenta como Embaixadora das Amazonas da Ilha Themyscira mandada ao mundo dos homens para propagar a paz por meio do amor.
  
Possuindo habilidades super-humanas e utensílios diversos, tais como um laço da verdade que obriga a quem estiver preso a ele a dizer a verdade e braceletes que repelem tiros de armas de fogo, a Mulher-Maravilha é indubitavelmente um dos grandes ícones da cultura de massa contemporânea.

Os utensílios usados pela personagem refletiam as idéias de seu criador(ver curiosidade sobre  ELE ao final do texto).

Os braceletes com os quais a heroína rechaçava tiros, por exemplo, funcionava também como um lembrete do tempo em que as amazonas se deixaram dominar pelos gregos e foram duramente exploradas por eles.
Da mesma forma ele apregoava que as mulheres não deveriam se submeter aos homens. O segundo item, por sua vez, era um laço com poderes sobrenaturais que obrigava todos que estivessem presos por ele a se submeter passivamente à vontade da super-heroína. Marston pretendia que isso fosse um símbolo do poder real das mulheres.

MULHER-MARAVILHA X IDEOLOGIA POLÍTICA

   


 
Durante a segunda grande guerra, a DC Comics convocou a Mulher-Maravilha para combater no front-ideológico.
A sensual personagem reproduzia nos quadrinhos a nova mulher que surgia. Reproduzia àquelas que lançavam-se contra os horrores de uma guerra ou assumiam novas posições nas fábricas.

Detalhe Sensation Comics#2

Reprodução paradoxal, já que trazia em tua própria criação a saudade dos valores do mundo clássico greco-romano, lutando contra as forças do eixo (Itália e Alemanha).


O fascismo criticava de forma violenta princípios de liberdade e  diversidade. E a arte moderna desde o princípio teve estes ideais. Para os fascistas, isto representava a decadência ocidental, a considerando doentia, a perseguiu.

por Alex Ross

Mulher-Maravilha é uma adaptação da antiga lenda das Amazonas. Na DC ela enfrenta batalhas ao lado de Super Homem e Batman contra os nazistas, paradoxalmente encarnando o ideal de beleza , entre outros, defendidos pelos inimigos.
O Reino do Amanhã

Décadas depois da guerra, nos anos 90 e começo do século XXI, as contradições que animavam esta personagem foram trabalhadas em duas obras ilustradas por de Alex Ross, produções que a retratam de maneira diametralmente opostas.

Detalhe de O Reino do Amanhã
Na premiada série O Reino do Amanhã, a Mulher-Maravilha é uma heroína segura de sua beleza clássica.Mesmo sabedora de sua importância na batalha contra toda uma nova geração de superseres sem escrúpulos, à medida que avança nas aventuras, é animalescamente dominada pelo prazer pelo combate, e esquece dos propósitos do mesmo
  Mark Waid (o roteirista) a condena pelo comportamento pagão.
O Espírito da Verdade

Diante de tamanhas contradições, a heroína foi reformulada em O Espírito da Verdade, cujo roteiro de Paul Dini tem a pretensão de aproximá-la mais de uma representação do elogio grego do diálogo.
  Assim,cai por terra a amazona passional e apaixonada pela guerra.
Detalhe

O paganismo na personagem é apagado, e impregnada de um sentimento de culpa cristão é orientada por um espírito missionário equivocado.E sofre...

Os valores cristãos, que permeiam toda esta graphic novel,afastam a Mulher-Maravilha de qualquer influência exercida pela deusa que combina razão e coragem para os desafios, ou seja, Pallas Atena.

CURIOSIDADE SOBRE CRIADOR:

O criador da Mulher-Maravilha, ele próprio, adepto de bondage e do ménage-à-troá (coabitava/relacionava-se com sua esposa + uma aluna), quando questionado sobre a possibilidade de ataques de educadores e censores devido aos trajes da heroína e aos trechos de óbvia inspiração sado-masoquista das histórias:
AiAiAi
UiUiUi
"As mulheres são excitantes justamente por essa razão – esse é o segredo da sedução feminina – a mulher gosta de se submeter, de ser amarrada. Trago isso à tona nas sequencias da Ilha Paraíso, em que as garotas imploram por correntes e gostam de usá-las. /.../ A única esperança de paz é ensinar àqueles que estão cheios de energia e de força a gostar de amarras. /.../ Em se tratando de relacionamentos humanos, só teremos uma sociedade mais pacífica e agradável quando o controle do eu, exercido de fora, for mais agradável que a afirmação irrestrita do eu sem amarras” (JONES, 2006, p. 264-265).


*Meninas...sem comentários.

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