
A maioria delas envolve genética, comportamento e expectativas sociais - tudo misturado. Leia nas próximas páginas, separadamente, o que nos distingue - e por que também estamos ficando cada vez mais parecidos.
- Para cada 170 concepções de meninos, 100 meninas são geradas.
Homens

E, se você é uma mulher, saiba que é mais vitoriosa ainda, porque é muito mais comum um óvulo ser fecundado por um espermatozoide masculino do que por um feminino: calcula-se que para cada 100 óvulos fertilizados por um espermatozoide com o cromossomo X, existam outros 170 fertilizados com o cromossomo Y. Ou seja, na concepção, para cada 100 mulheres geradas, 170 homens estão sendo desenvolvidos. Assim, logo de cara vão por água abaixo todas as esperanças de igualdade entre os sexos: desde o início a mãe natureza cuida de tratar cada gênero de maneira diferente. E esse é só o começo.
Quando o feto masculino se desenvolve dentro do útero da mãe, faz sentido dizer que as mulheres são de Vênus e os homens são de Marte: é como se a mulher gerasse um alienígena dentro de si. O cromossomo Y do feto começa a produzir o antígeno H-Y, uma proteína que causa a rejeição de órgãos quando um tecido masculino é implantado no corpo feminino. O antígeno faz com que o sistema imunológico da mulher rejeite de leve o feto masculino. Isso torna o bebê mais frágil e mais suscetível à falta de alimentos ou infecções. Nessa disputa quem perde são os homens. A fragilidade masculina infantil dura muitos meses: nos primeiros anos, eles vão se desenvolver mais lentamente.
Meninos não ficam quietos

Essa diferença é crítica porque abrange boa parte da vida escolar. E o colégio exige dos alunos exatamente aquilo que os meninos mais têm dificuldade de fazer: sentar quietos, concentrar-se. Há estudos que mostram que os meninos têm até mais dificuldade em aprender a levantar a mão antes de falar na sala de aula. Não é à toa que há anos as meninas vão melhor na escola, inclusive em matemática, uma matéria na qual homens supostamente têm uma vantagem inata.

Para Zimbardo, eles precisam fugir da realidade para encontrar estímulos e se afastam da vida em sociedade. O resultado? Homens que não sabem levar uma vida adulta e que deixam as mulheres assumir o papel de provedoras e líderes. Isso pode também explicar por que, em 2010, as mulheres viraram maioria na força de trabalho americana. Mas não explica por que são eles que chegam às chefias. Ou por que elas continuam ganhando apenas 75% do salário deles para fazer o mesmo trabalho. Para entender esse fenômeno, temos de voltar ao jardim de infância.
Meninos não ficam quietos (2)

O mesmo vale para desafios e como os meninos aprendem a lidar com eles. Um estudo feito com bebês de 11 meses mostra como os pais tratam de maneiras diferentes filhos e filhas. Nesse experimento, os bebês tinham de descer uma rampa inclinada engatinhando. Menininhos e menininhas conseguiram descê-la sem diferenças. Mas, quando o grau de inclinação da rampa era definido pelas mães, elas sempre expunham os filhos a inclinações maiores e poupavam as filhas, como se assumissem que elas não completariam o trajeto. Ou seja, a ideia de que mulheres são frágeis e homens são audaciosos pode ser apresentada aos meninos pelas próprias mães. Mas essa, claro, não é a única diferença. Para entender o que separa os sexos é preciso olhar as mulheres de perto também. Por isso, leia agora o lado feminino desta reportagem.
Mulheres


Meninos, por sua vez, mostram desde cedo uma facilidade com questões espaciais, aquelas que exigem rotações mentais de objetos. Essa habilidade, aliás, é a que deu fundamento à teoria de que homens são melhores em matemática do que mulheres. (Em 2005, até mesmo o reitor de Harvard insinuou isso - o que acabou provocando sua saída do cargo.) E foi usada para explicar por que homens e mulheres escolhem carreiras diferentes para trabalhar: eles vão para a engenharia, elas vão para a psicologia, como se fossem geneticamente predestinados para isso. O problema aqui não está na dificuldade com números (que, aliás, as mulheres não têm: resolver problemas espaciais jamais foi correlacionado à facilidade para estudar matemática). Está nas consequências da escolha da profissão.
Meninas não pedem

Linda Babcock é uma professora de economia na Universidade Carnegie Mellon, nos EUA, que inclusive já foi tema de reportagem aqui na SUPER. Um dia ela reparou em uma diferença alarmante entre seus alunos: todos seus doutorandos do sexo masculino já estavam lecionando, enquanto as mulheres não passavam do cargo de professoras assistentes. Intrigada, ela foi investigar o motivo da discriminação. E descobriu: todos os homens haviam pedido a oportunidade de dar aulas - mas nenhuma mulher havia feito o mesmo. Assim, ela observou um traço de personalidade comum entre homens: a iniciativa de dar a cara a bater.
Babcock conduziu uma pesquisa comparando os salários de recém-formados. Em média, os homens recebiam 7,6% a mais. A maior diferença, no entanto, estava na maneira como foram contratados: 57% dos homens tinham negociado o valor do salário que receberiam (mas apenas 7% das mulheres fizeram o mesmo). Ou seja, tinham tido coragem de pedir mais dinheiro antes de começar a trabalhar. "As mulheres têm uma abordagem mais colaborativa do que a dos homens. Infelizmente essa estratégia costuma ser mal interpretada e dá a elas um ar de fraqueza porque elas não pedem o que querem e ficam quietas", diz Babcock. Isso tem consequências surpreendentes: por exemplo, em grupos mistos de homens e mulheres, são eles que falam mais. Pois é, em 56 estudos que analisaram o número de palavras ditas em conversas informais, os homens falaram mais em 24 deles - as mulheres só ganharam em dois casos. (Milhares de mulheres respiram aliviadas neste momento.) A fala, como tantas outras coisas, é definida pelo status social - e o dos homens continua mais alto.

A vontade de encarar desafios também é mais acentuada entre homens. John List, economista da Universidade de Chicago, organizou um estudo no qual anunciou a oferta de duas vagas de emprego: um com salário fixo e predeterminado, outro com um salário fixo mais baixo, mas com a possibilidade de ganhar um bom bônus caso o desempenho fosse melhor que o dos outros contratados. Para a primeira vaga, 80% dos candidatos que apareceram eram mulheres. Para a segunda, havia 55% mais homens concorrendo ao emprego. Ou seja, quando a descrição do trabalho envolvia competição direta com outros funcionários, as mulheres acharam melhor se abster. A escolha foi delas. Isso torna os homens mais competentes? Não, apenas garante que eles não fujam da possibilidade de ganhar mais dinheiro.


Por que meninas não pedem
Mas todos esses estudos ignoram um aspecto importante: as pessoas não esperam que mulheres sejam agressivas e competitivas. Outras pesquisas mostram que, quando elas são gananciosas e começam a subir de cargo, as pessoas deixam de gostar delas. Para um homem, o fato de ser bem-sucedido o torna um cara bacana e admirável. Para uma mulher, basta ela virar chefe para que as pessoas comecem a enxergá-la com desconfiança. "Sucesso e admiração caminham juntos nos homens, mas não nas mulheres. Todas nós sabemos que isso é verdade", disse Sheryl Sandberg, COO (chefe de operações) do Facebook, em uma apresentação no fórum de tendências TED. E esse é apenas um dos contratempos que as mulheres bem-sucedidas encontram na carreira. Há piores.
Em 1996, Ben Barres, neurobiólogo da Universidade Stanford, deu uma palestra sobre células nervosas para uma plateia de cientistas. A apresentação foi um sucesso: Ben foi aplaudido e ainda ouviu elogios: "Seu trabalho é muito melhor do que o da sua irmã". Só havia um problema: o cientista não tem irmã - a pessoa a que ele foi comparado era Barbara Barres, o próprio Ben antes de passar por uma mudança de sexo. Assim, Ben constatou as diferenças de expectativa que os gêneros enfrentam. Quando ele era ela, tinha de provar sua capacidade com mais frequência do que depois que virou homem. Um estudo feito na Universidade de Chicago com transexuais revelou numericamente essa diferença. Homens que viram mulheres recebem um salário 32% menor do que antes da troca de sexo. Já mulheres que viram homens ganham um aumento de 1,5%. s
Assim, é compreensível que homens e mulheres ainda não tenham alcançado a igualdade. É até admirável o avanço que as mulheres tiveram em poucas décadas. Embora 97% dos CEOs ainda sejam homens, elas já ocupam cerca de 40% dos cargos de gerência. Se eles nascem com desvantagens físicas e terminam a faculdade em menor número, é um sinal claro de que esse número deve aumentar. O que ainda sustenta os homens é seu comportamento - mais agressivo e competitivo. Se, como os estudos indicam, eles também estiverem perdendo isso, a balança deve se equilibrar em breve.
- Meninos têm probabilidade 50% maior de morrer de problemas respiratórios quando nascem.
- A mortalidade infantil de meninos é 22% maior que a de meninas.
- 105 nascimentos de meninos.
- 100 nascimentos de meninas.
- Aos 4 anos e meio, meninos são duas vezes melhores em testes de rotação espacial.
- Aos 2 anos e meio, meninas usam OITO palavras por frase para se comunicar. Meninos usam 6.
- Pesquisadores na área de engenharia no Brasil: 72% homens.
- Homens têm probabilidade 40% MAIOR de largar a escola.
- Mulheres em psicologia: 80%.
- 97% dos CEOs do mundo são homens. E esse número nunca diminuiu.
- No Brasil, mulheres ganham apenas 75% do salário dos homens para fazer o mesmo trabalho.
- 1/3 das mulheres largaria o emprego para ter filhos.
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