+ o vídeo DELA recitando seu poema mais famoso e gozadinho.
Por conta de todo esse sucesso, “Adoro pau mole” é declamado em faixa bônus no CD que acompanha Bendita palavra, segundo livro de Maria, que chega às
livrarias pela editora 7letras. Ela está de novo exposta, com seus
versos arriscados – o meu favorito abre o livro e fala justo sobre
riscos. “O risco não é um traço/ é a diferença entre o pulo e o salto”,
diz Maria, como quem dá boas vindas. Não vai ser uma viagem banal essa
que ela te convida a fazer a partir daí.
E, tal qual havia promovido com
“Adoro pau mole”, ela de novo vai desconstruir. “Gata,
gostosa, tesudinha” tem chance de se tornar seu poema-hit, com a
descrição das suas colegas de geração. O alvo da vez é a dita
emancipação feminina, sobre a qual Maria – nascida em 1978 – joga um
olhar crítico quando diz: “Não é careta nem doidona/ adora esportes na
TV e sexo de madrugada/ não fala em filhos nem casamento/ e cuida
sozinha da anticoncepção./ Por ela suspiram os machos do século 21/ e
por causa dela sofrem as fêmeas/ meros projetos de musa/ nós mulheres
reais”.
Da
mesma maneira como “Adoro pau mole” era um verso certeiro no
falogocentrismo, expondo a beleza da vulnerabilidade masculina, “Gata,
gostosa, tesudinha” é um excelente crítica ao mesmo falogocentrismo que
acomete a mulher dita auto-suficiente e que, como diz Maria, “não pede
ajuda, não liga pra bagunça/ não chora à toa, não fala demais”. Segundo a
autora, a tal gata é prendada, lava, arruma e cozinha. Faz unha, café,
busca o cara de carro e ainda dirige pro motel. Esse projeto de
perfeição, a musa a que Maria se refere, é inalcançável, como ela também
denuncia no final.
Assim,
embora Maria faça deste novo livro uma ode às palavras – (“Bendita cada
palavra escrita... Bendito o fruto deste alfabeto... Bendita também a
palavra maldita”) – do meu ponto de vista é no tema do feminino que se
anunciava no título do seu primeiro livro onde Maria mais brilha. Seu
“Tenho 29 anos/ um punhado de cabelos brancos/ dinheiro pra viver um
ano/ e quero ser mãe” é outra demonstração de que quando fica no tema,
Maria faz seus melhores versos, porque capazes de produzir empatia
imediata, essa que qualifica a obra de arte como o que, se não dá
sentido à vida – porque nada dá – pelo menos serve de sombrinha na
tormenta nossa de cada dia. Benditas as palavras de Maria.
Fonte:
Maria Rezende - "Adoro Pau Mole".
E aí? Gostaram, já conheciam?Me contem.Recomendo assistirem/ler o poema "O Risco".

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