Eventos Feministas


25 outubro 2010

A Prostituta no Imaginário Feminino

"Uma dama na sociedade.Uma puta na cama"

Belle de Jour

 Eis uma frase que deveria se orgulhar de transitar por aí tão cheia de adesão , mesmo sendo tão amoral.

 Ela reúne um espaço grande de devassidão, que, misturada a uma discreta malícia, cria a espiritualidade ideal para não ser apedrejada em praça pública.

 E claro, os protestos teriam razão de ser:durante séculos as mulheres tiveram como única prioridade ser boas esposas e mães,boazinhas, arrumadinhas,"sandyzinhas" obedientes. Principalmente, obedientes.

      
A Dama Das Camélias
 Da porta para fora, damas finas e (por favor, senhoras!) recatadas,capazes de engrandecer os homens que as acompanhavam, dignas de com eles serem vistas, por serem virtuosas.


Mas...
Quando o século XIX inventou a privacidade,o maior problema de todos era conter os desejos. Agora que cada um tinha seu quarto, os casais descobriram as quatro paredes.Eva, Eva...Eis o problema!

Como a mocinha, depois a mulher, poderia sucumbir aos prazeres oferecidos pelo sexo, e depois comparecer ao chá beneficente da igreja sem culpa?


Uma linda Mulher
Simples:

 Sexo devia ser no escuro, limpo,de preferência com um crucifixo na cabeceira da cama, pra Deus assistir e bater palma. 


 A reprodução estava garantida, a infelicidade íntima também.
Mas, ao contrário delas, os homens não tinham o crochêo, piano ou os filhos para direcionar a energia sexual reprimida.A saída para eles?

Os bordéis...


Ali eles começavam sua vida sexual, alí eles eram completamente livres para fazer tudo ao contrário que os ensinamentos religiosos pregavam.


Assim, a imagem ligada 'as profissionais do sexo indelevelmente são ligadas a um ideal de liberdade (que, sabemos, muitas vezes não é real). 

Hilda Furacão
 Mas é fato, a imagem que temos delas é sempre alegre:muita música, espartilhos apertadíssimos, cinta-liga, super sensualidade, e cigarros de piteira -porque todas as putas, sejam elas brasileiras, argentinas, portuguesas, no nosso imaginário, são francesas.Né não?

 Para os homens, elas são as dispostas a tudo na cama, sem frescuras, dispostas na bebida, na companhia.Amigãaa.Mas quem é que vai apresentar a "Valeska Sofie" para mamãe?Heeeeeeeeeeein?


 As mulheres de braços dados exigindo direitos iguais são só uma imagem de jornal frente à revolução mundial, provocada por cada mulher que desafiou pai, maridos, tios, filhos e tias RECALCADAS,em prol de um trabalho bem pago, de voto, de minissaia (meus agradecimentos especiais 'a esse item...hehe)e de orgasmos... MÚLTIPLOS, por favor!


Bruna Surfistinha
 Mas a ideia das putas continua fascinando.Aquela coisa mitica de mulheres liberais, libertinas, que enfrentam os perigos mais absurdos (talvez desnecessários), os amores mais platônicos,sem deixar o rímel borrado estragar o charme...porque puta deve ser, antes de tudo, bonita, não é isso?


 Qual a atriz que não gostaria de encenar esse papel?Porque ele tem o sabor de um corpo livre no mundo, sem amarras.Como não admirar essa imagem? (Deixo claro:óbvio que é apenas imagem.É disso que estou falando,né?)

 E a despeito das ombreiras que transformaram mulheres em homens,(e voltaram, nem acredito!Ô herança ruim dos anos 80!)elas permaneceram sempre na obrigação de serem femininas, da escort mais cara 'a gorduchinha da praça Ramos, porque a sedução nesse caso,é "para pagar o almoço, nêm"!

 Hoje as mulheres percebem que queimar o sutiã não foi sentença de mudança de sexo.Não precisamos ser assexuadas.
"Uma puta na cama, uma dama na rua"?

Para quê escolher?

 Ninguém precisa deixar de querer de ser mãe, cuidar de casa,de ser esposa, de gostar de cozinhar (se gostar), de ser desejada.

 Não é questão de escolha!Mas de trânsito.De poder andar e ser o que quiser, na hora que bem entender da forma que imaginar.

 Podemos fumar e garagalhar alto feito uma pomba gira, e podemos presidir reuniões tanto de cúpula, quanto de cópula, exercendo as dominações e as submissões. Todas dignas, se de livre vontade.

 Aprendemos com as biscates reais e ficcionais que mulher é mesmo isso, ser pela ambiguidade.

 Abraço!

1 Leitor@s:

Unknown disse...

Muito bom o blog gostei dos assuntos
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